domingo, 18 de outubro de 2009

Relação com a imprensa: uma via de mão dupla

Costumo defender entre os meus assessorados a necessidade de estabelecer uma via de mão dupla com a imprensa. Com uma simples frase tento esclarecê-los o que quero dizer com isto: - Um dia eles (os jornalistas, a imprensa) precisam da gente, em outros nós precisamos deles (da imprensa). Isso para dizer que a relação com a imprensa deve ser bilateral, de respeito mútuo.
Aqui entra o importante papel do assessor de imprensa. Ele pode orientá-lo nesse sentido, corrigir os excessos e acima de tudo assessorá-lo nessa relação com a imprensa.
Mas lembre-se o assessor de imprensa não faz milagres. Ele domina as técnicas, conhece os profissionais e o funcionamento das redações ( ou deveria conhecer) e o melhor momento de falar e calar. Mas a fonte deve estar preparada para esse relacionamento. Saber o que dizer e ser, acima de tudo, uma boa fonte de informação para os jornalistas. Mas lembre-se: esta é uma via de mão dupla.

Um comentário:

  1. Concordo plenamente. Existe uma relação de duplicidade "congênita" que deve ser refletida no que informar e na necessidade de como essa informação deve ser executada. Vou exemplificar uma situação interessante ocorrida em Porto Velho (RO) quando após oito meses da inauguração do empreendimento Porto Velho Shopping ter sido inaugurado e um pedaço do forro de gesso, localizado próximo do Elevador principal caiu. Na ocasião o shopping foi evacuado - como uma situação de emergência catastrófica - e especulou-se até que um andar inteiro havia desmoronado. Os seguranças, polícia e corpo de bombeiros não permitiram a entrada de ninguém, e, principalmente, a assessoria de comunicação não tomou as devidas providências para emitir um boletim de esclarecimento sobre a natureza do acidente - obedecento ordens superiores (esclareço, descobriu-se depois). O que aconteceu? Foi feita uma vigília na frente do shopping e era negada qualquer tipo de informação. Funcionários ou mesmo pessoas que ficaram presas dentro do shopping filmaram com celular e mandavam informações desencontradas do que havia de fato ocorrido. Enquanto isso, a administração seguia com o silêncio e a rigidez de calar a assessora de imprensa. Durante toda a noite e início da manhã do dia seguinte, os sites de notícias publicavam de desabamento até um número irreal de feridos, pois a situação aparentava ser crítica, visualize a cena fora do shopping: uma multidão, dois caminhões do corpo de bombeiros, duas ambulâncias, várias viaturas da polícia, todos com o seus giroscópios ligados. A visão aparente era de caos absoluto. Enquanto isso a administração shopping perdurava em seu silêncio e a assessora contrariava as regras do gerenciamento de crise, não por culpa dela se esclareça. No final da manhã do outro dia após o acidente, diante de um cem números de especulações em volta do acidente, um porta-voz do Corpo de Bombeiros esclareceu que se tratava apenas de um pedaço do forro de gesso que havia caído do teto e um dos fragmentos atingiu uma pessoa (ou seja, foi apenas um ferido, que teve atendimento de baixa complexidade). Logo depois a assessoria de comunicação do shopping emitiu uma nota de esclarecimento. Muitas horas mais tarde. Ou seja, quando a imprensa precisou da assessoria do shopping para um esclarecimento imediato do que havia ocorrido e as proporções reais do acidente, foi lhe negado a informação, ou pelo menos uma entrevista coletiva com o administrador do shopping. 20 horas depois, o shopping precisava da imprensa para fazer os devidos esclarecimentos à comunidade - o "terrível" acidente foi um rasteio de pólvora e não uma "explosão" como se especulou. Justifica esse observação preciosa e necessária da Wal. (Marcos Souza/Jornalista)

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